O Mistério das Vozes - Parte 2
Na manhã de domingo, Juninho acordou às 5 horas, suando e
com o coração acelerado. Ele se sentou na cama e encarou a parede, se lembrando
do grito que o acordara na madrugada. Após alguns minutos parado, seu irmão
acordou e perguntou o que ele estava olhando e Juninho respondeu que só estava
pensando e se levantou e saiu do quarto.
No café, Juninho já havia esquecido o ocorrido na madrugada.
Por volta das seis e meia da manhã, a família saiu e deixou o filho mais novo
com a vizinha do lado, a uns 100 metros da casa dos Ávila. Ao chegar na casa da
vizinha, a dona Maria, Juninho se despediu dos pais e do irmão e entrou na
pequena casa que possuía um grande terreno para plantio, com um pequeno cômodo
ao lado, onde as ferramentas eram guardadas.
Chegou a hora do almoço e Juninho estava brincando na terra,
perto de uma cerca que dividia os terrenos da dona Maria e da família dele. Ao
longe, ele ouviu a senhora o chamando para ir almoçar antes que a comida esfriasse e foi
se limpar para ir comer. Na cozinha, dona Maria se assustou ao se virar e ver
Juninho sentado à mesa e exclamou:
- Ui! Você me assustou chegando em silêncio, haha. Eu já ia
te chamar, o almoço acaba de ficar pronto.
Meio confuso, pois pensou ter ouvido ela o chamar antes,
Juninho resolveu ignorar a situação, afinal dona Maria estava velha , devia se
confundir às vezes e ter esquecido que já havia o chamado.
Após comer bem, ele saiu para ficar deitado em uma rede
presa entre duas árvores, na frente da casa. Ele estranhou um carro vermelho
diferente parado do outro lado da rua, ignorou e foi deitar. Assim que ele se
deitou, caiu no sono.
Passados uns quarenta minutos, ele acorda e volta a brincar
ali pela frente da casa mesmo. O carro havia ido embora. Aquela rua era bem parada e isso deixava Juninho
muito ansioso, pois não tinha muito o que fazer, senão brincar sozinho no
terreiro.
Novamente, o menino avista o carro, que estava parado em
frente à casa mais cedo, e resolve chegar mais perto. Ao começar a caminhar para
o carro, rapidamente o motorista acelerou e saiu em direção contrária ao
garoto. Intrigado, Juninho tenta correr para ver aonde ia o carro, mas não
conseguiu acompanhar.
Juninho passou o resto da tarde brincando, pensativo,
achando muito estranho o que ocorrera mais cedo. Por volta das 15h30min, seus
pais chegaram e o levaram para casa. Ele resolveu não comentar nada sobre o
estranho carro.
O resto da tarde pareceu normal: Juninho ficou na rua
vigiando os moradores e espiando pelas janelas das casas próximas. Nem ele
mesmo sabia o porquê de ficar nas janelas, só sabia que gostava de algumas das
conversas e fofocas dos vizinhos, que sempre o xingavam quando viam que estava espiando.
Por volta das 21 horas, Juninho já estava em casa e se
preparou para dormir. A noite foi tranquila e o garoto dormiu muito bem.
Durante a semana, tudo ocorreu normal, como sempre: Os Ávila levantavam cedo e
deixavam o filho mais novo na casa da vizinha, mas ele sempre saia para bisbilhotar outras casas. Juninho avistou, de longe, aquele
carro estranho umas duas vezes na semana, porém não conseguiu descobrir nada
sobre ele e desistiu de tentar se aproximar.
Sábado chegou e a família estava tomando o café da manhã,
quando alguém bate na porta, chamando por algum Senhor Aires. Por detrás dos
pais, que agora conversavam com um homem à porta, Juninho avistou um carro
igual ao que vira durante a semana, porém, desta vez, era um verde vivo, bem
chamativo.
Antes que o menino fizesse algo, o homem se virou e os pais
de Juninho fecharam a porta. Os dois, Sr. e Sra. Ávila, subiram as escadas, em
direção ao quarto, sem dizer uma palavra, parecendo preocupados. O filho mais
velho, Nico, estranhou a situação, mas não se preocupou muito e saiu para o
quintal de trás.
Juninho não aguentou e esgueirou para a porta do quarto dos
pais para escutar algo. Em silêncio, atrás da porta, ele escutou parte da
conversa:
- Não é possível que, depois de tanto tempo, vieram pessoalmente
perguntar sobre ele... – a Sra. Ávila disse, com a voz falhando.
- Acalme-se, querida. Felizmente, parece que aquele homem acreditou
em nós e não deve aparecer de novo. – Sr. Ávila tentou acalmar a esposa.
- É, talvez você tenha razão. Já não bastavam as cartas
estranhas... Acho que vou fazer um café! – Juninho percebeu que sua mãe iria
sair pela porta em que estava e, rapidamente, saiu se arrastando pelo chão, sem
fazer barulho.
Já no seu quarto, Juninho ficou pensando no que tudo isso
queria dizer e sobre quais cartas a mãe falara; já que era ele quem, normalmente,
trazia as cartas para dentro e nunca notara nada anormal.
[CONTINUA]
Muito bom, espero pela parte 3
ResponderExcluirObrigado! Em breve sai <3
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