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14 junho, 2021

Saga AIGAM

 O Mistério das Vozes - Parte 2


 

Na manhã de domingo, Juninho acordou às 5 horas, suando e com o coração acelerado. Ele se sentou na cama e encarou a parede, se lembrando do grito que o acordara na madrugada. Após alguns minutos parado, seu irmão acordou e perguntou o que ele estava olhando e Juninho respondeu que só estava pensando e se levantou e saiu do quarto.

No café, Juninho já havia esquecido o ocorrido na madrugada. Por volta das seis e meia da manhã, a família saiu e deixou o filho mais novo com a vizinha do lado, a uns 100 metros da casa dos Ávila. Ao chegar na casa da vizinha, a dona Maria, Juninho se despediu dos pais e do irmão e entrou na pequena casa que possuía um grande terreno para plantio, com um pequeno cômodo ao lado, onde as ferramentas eram guardadas.

Chegou a hora do almoço e Juninho estava brincando na terra, perto de uma cerca que dividia os terrenos da dona Maria e da família dele. Ao longe, ele ouviu a senhora o chamando para ir almoçar antes que a comida esfriasse e foi se limpar para ir comer. Na cozinha, dona Maria se assustou ao se virar e ver Juninho sentado à mesa e exclamou:

- Ui! Você me assustou chegando em silêncio, haha. Eu já ia te chamar, o almoço acaba de ficar pronto.

Meio confuso, pois pensou ter ouvido ela o chamar antes, Juninho resolveu ignorar a situação, afinal dona Maria estava velha , devia se confundir às vezes e ter esquecido que já havia o chamado.

Após comer bem, ele saiu para ficar deitado em uma rede presa entre duas árvores, na frente da casa. Ele estranhou um carro vermelho diferente parado do outro lado da rua, ignorou e foi deitar. Assim que ele se deitou, caiu no sono.

Passados uns quarenta minutos, ele acorda e volta a brincar ali pela frente da casa mesmo. O carro havia ido embora. Aquela rua era bem parada e isso deixava Juninho muito ansioso, pois não tinha muito o que fazer, senão brincar sozinho no terreiro.

Novamente, o menino avista o carro, que estava parado em frente à casa mais cedo, e resolve chegar mais perto. Ao começar a caminhar para o carro, rapidamente o motorista acelerou e saiu em direção contrária ao garoto. Intrigado, Juninho tenta correr para ver aonde ia o carro, mas não conseguiu acompanhar.

Juninho passou o resto da tarde brincando, pensativo, achando muito estranho o que ocorrera mais cedo. Por volta das 15h30min, seus pais chegaram e o levaram para casa. Ele resolveu não comentar nada sobre o estranho carro.

O resto da tarde pareceu normal: Juninho ficou na rua vigiando os moradores e espiando pelas janelas das casas próximas. Nem ele mesmo sabia o porquê de ficar nas janelas, só sabia que gostava de algumas das conversas e fofocas dos vizinhos, que sempre o xingavam quando viam que estava espiando.

Por volta das 21 horas, Juninho já estava em casa e se preparou para dormir. A noite foi tranquila e o garoto dormiu muito bem. Durante a semana, tudo ocorreu normal, como sempre: Os Ávila levantavam cedo e deixavam o filho mais novo na casa da vizinha, mas ele sempre saia para bisbilhotar outras casas. Juninho avistou, de longe, aquele carro estranho umas duas vezes na semana, porém não conseguiu descobrir nada sobre ele e desistiu de tentar se aproximar.

Sábado chegou e a família estava tomando o café da manhã, quando alguém bate na porta, chamando por algum Senhor Aires. Por detrás dos pais, que agora conversavam com um homem à porta, Juninho avistou um carro igual ao que vira durante a semana, porém, desta vez, era um verde vivo, bem chamativo.

Antes que o menino fizesse algo, o homem se virou e os pais de Juninho fecharam a porta. Os dois, Sr. e Sra. Ávila, subiram as escadas, em direção ao quarto, sem dizer uma palavra, parecendo preocupados. O filho mais velho, Nico, estranhou a situação, mas não se preocupou muito e saiu para o quintal de trás.

Juninho não aguentou e esgueirou para a porta do quarto dos pais para escutar algo. Em silêncio, atrás da porta, ele escutou parte da conversa:

- Não é possível que, depois de tanto tempo, vieram pessoalmente perguntar sobre ele... – a Sra. Ávila disse, com a voz falhando.

- Acalme-se, querida. Felizmente, parece que aquele homem acreditou em nós e não deve aparecer de novo. – Sr. Ávila tentou acalmar a esposa.

- É, talvez você tenha razão. Já não bastavam as cartas estranhas... Acho que vou fazer um café! – Juninho percebeu que sua mãe iria sair pela porta em que estava e, rapidamente, saiu se arrastando pelo chão, sem fazer barulho.

Já no seu quarto, Juninho ficou pensando no que tudo isso queria dizer e sobre quais cartas a mãe falara; já que era ele quem, normalmente, trazia as cartas para dentro e nunca notara nada anormal.

[CONTINUA]